Fila e desorganização marcam atendimento do programa habitacional em Teresina

Tumulto e longas filas marcam apresentação de recursos do Minha Casa, Minha Vida em Teresina
Na manhã desta terça-feira (29), candidatos ao programa habitacional Minha Casa, Minha Vida em Teresina enfrentaram confusão e grandes filas em frente à Secretaria Municipal de Planejamento e Coordenação (Semplan), localizada no Centro da capital. A movimentação intensa aconteceu devido à entrega dos recursos contra o resultado da seleção preliminar, que classificou 1.008 candidatos para unidades nas zonas Leste, Sul e Sudeste da cidade.
A expectativa e a ansiedade tomaram conta dos participantes, muitos dos quais relataram frustração por terem seus nomes ausentes da lista de classificados. A situação ganhou contornos de tumulto, agravada pela insuficiência de senhas — apenas 250 foram distribuídas para atendimento presencial, o que gerou aglomeração e impaciência entre os presentes.
Moradores da capital, como a dona de casa Layana Moraes, expressaram sua indignação. “Segui todos os passos, entreguei documentos, participei das etapas e mesmo assim meu nome não apareceu. Moro de aluguel, com apenas um salário mínimo em casa, e essa era nossa esperança para sair dessa situação difícil”, contou emocionada.
Outro grupo afetado foi o das mães atípicas, que se organizaram para buscar justiça após terem sido excluídas do processo. Maria Aires, representante do grupo, denunciou a situação caótica na Semplan. “Mães com crianças, muitas delas com deficiência, vieram de longe e se viram diante de uma desorganização enorme. Crianças quase sendo pisoteadas, mães desesperadas, e tudo isso porque não houve estrutura para atender a demanda”, relatou.
Patrícia Raquel, mãe solo de três filhos autistas, também relatou a exclusão precoce do programa. “Fomos eliminadas logo na primeira etapa, sem explicação. Para nós, essa casa não é só um teto, é qualidade de vida para as crianças. Cheguei cedo e não consegui senha. Isso é desumano”, lamentou.
Em meio à confusão, a Secretaria de Planejamento esclareceu que a fase atual do processo consiste na análise documental dos classificados e que os recursos devem ser apresentados até o dia 30 de julho, seja presencialmente na Semplan ou pela internet, via Sistema Eletrônico de Informações (SEI). O órgão também explicou a presença de nomes repetidos na lista de suplentes, que ocorre quando um candidato se enquadra em mais de uma cota social, mas ressaltou que isso não significa direito a mais de um imóvel.
A prefeitura reforçou o compromisso com a transparência do processo e informou que eventuais irregularidades na documentação podem resultar em desclassificação, abrindo espaço para os suplentes assumirem as vagas.
O programa Minha Casa, Minha Vida é fundamental para milhares de famílias em situação de vulnerabilidade social e econômica, oferecendo a oportunidade da casa própria. No entanto, episódios como o registrado nesta terça-feira revelam a necessidade de aprimorar a organização e o atendimento ao público, especialmente diante da grande demanda por moradias.
Especialistas em políticas públicas destacam que a efetividade desses programas depende não apenas dos recursos disponibilizados, mas também da capacidade administrativa para garantir processos justos, claros e humanizados, minimizando sofrimento e injustiças para os cidadãos.
Redação ANH/PI
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