Fortaleza sofre com carência de equipes médicas em hospitais da rede municipal

Falta de profissionais compromete atendimento em hospitais municipais de Fortaleza, afirma secretária de Saúde
A rede pública hospitalar de Fortaleza enfrenta uma escassez crítica de profissionais da saúde, especialmente nas áreas de enfermagem. A situação foi confirmada pela secretária municipal de Saúde, Riane Azevedo, durante evento de inauguração de 66 novos leitos no Instituto Dr. José Frota (IJF), na manhã desta quinta-feira (31).
Segundo a gestora, praticamente todos os hospitais sob administração da Prefeitura operam com déficit de pessoal, o que impacta diretamente a qualidade e a agilidade dos atendimentos. A situação persiste mesmo após a recente convocação de 411 aprovados no concurso da extinta Fundação de Apoio à Gestão Integrada em Saúde de Fortaleza (Fagifor).
“Essa chamada que fizemos agora é importante, mas não resolve o problema. Ainda existe uma necessidade significativa. Para lidar com isso, temos feito contratações emergenciais via cooperativas e contratos temporários. A ideia, no entanto, é ampliar as convocações nos próximos meses”, explicou a secretária, que assumiu a pasta há pouco mais de dois meses.
Hospitais mais afetados e reforma estrutural
A rede hospitalar municipal conta com 10 hospitais de médio e grande porte, além de mais de 160 equipamentos de saúde espalhados pela capital, incluindo Unidades Básicas de Saúde (UBSs), Centros de Atenção Psicossocial (Caps), Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) e policlínicas. Apesar do esforço da atual gestão, o problema da falta de pessoal é recorrente e, segundo a secretária, se agravou nos últimos anos.
Dois hospitais são considerados mais críticos no momento: o Hospital e Maternidade Zilda Arns Neumann, conhecido como Hospital da Mulher, e o Hospital Nossa Senhora da Conceição, no bairro Conjunto Ceará. Ambos passam por reformas estruturais e, após a ampliação de leitos, deverão demandar um número ainda maior de profissionais.
“No caso do Conceição, a previsão inicial era concluir as obras até janeiro de 2026, com a entrega de mais 10 leitos de UTI e 144 de enfermaria. No entanto, devido a imprevistos estruturais, como vigas que precisam ser substituídas, o prazo será estendido por pelo menos 60 dias”, detalhou Riane.
Deficiências expostas por denúncias
A falta de profissionais de enfermagem na rede municipal já havia sido denunciada por trabalhadores da saúde, sindicatos e até usuários. Em junho deste ano, levantamento mostrou que 15 postos de saúde da capital funcionavam com equipes reduzidas, acumulando um déficit de ao menos 21 enfermeiros e 10 técnicos de enfermagem.
De acordo com Adriana Moura, secretária-geral do Sindicato dos Empregados em Estabelecimentos de Serviços de Saúde do Ceará (Sindsaúde), a escassez é reflexo da não renovação de contratos da seleção pública anterior e da demora na convocação dos aprovados em concurso.
“A ausência de enfermeiros sobrecarrega os profissionais que ainda estão nas unidades. Isso prejudica a assistência prestada e aumenta os riscos para pacientes e trabalhadores”, alertou Adriana.
Medidas emergenciais e próximos passos
Em resposta às cobranças, o prefeito Evandro Leitão anunciou, na última segunda-feira (28), a convocação de 411 novos profissionais da saúde, incluindo os aprovados para o Instituto Dr. José Frota. Do total, 75 são da área de enfermagem. Também foram chamados fonoaudiólogos, cirurgiões de mão, médicos intensivistas, socorristas e motoristas do Samu.
Apesar do reforço, a secretária admite que o número ainda está aquém do necessário e que novas convocações serão planejadas. “Estamos comprometidos em resolver esse gargalo, mas sabemos que é um desafio de médio e longo prazo. A meta é estruturar melhor a rede, principalmente diante do crescimento da demanda”, finalizou.
Redação ANH/CE
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