Juliana Soares é condecorada após escapar de ataque brutal com 61 socos

Sobrevivente de tentativa de feminicídio recebe homenagem na Câmara de Natal
A estudante Juliana Soares, 35 anos, foi homenageada na última segunda-feira (25) pela Câmara Municipal de Natal, após sobreviver a uma tentativa de feminicídio que chocou o país. Juliana foi brutalmente agredida com 61 socos dentro de um elevador pelo ex-namorado, o ex-jogador de basquete Igor Cabral, em julho deste ano.
Durante a solenidade de encerramento da campanha Agosto Lilás, mês de conscientização e combate à violência contra a mulher, Juliana recebeu a Comenda Maria da Penha, destinada a personalidades que representam a resistência e a luta por direitos das mulheres.
Emocionada, ela relatou a difícil jornada de recuperação. Após o ataque, precisou passar por uma cirurgia de reconstrução facial que durou mais de sete horas. “Eu me sinto honrada em estar aqui. Sou prova de que é possível se levantar, mesmo diante de tanta dor e de uma tentativa de feminicídio. Hoje estou me reerguendo”, declarou.
O presidente da Câmara, vereador Eriko Jácome (PP), ressaltou que a violência contra a mulher não pode ser combatida apenas em datas específicas. “Essa luta precisa ser diária. Encerrar o Agosto Lilás prestando homenagem a pessoas como Juliana reforça nosso compromisso em dar visibilidade à causa”, afirmou.
Além da entrega da comenda, a sessão também discutiu dados alarmantes do 19º Anuário Brasileiro de Segurança Pública 2025, referentes ao ano de 2024. O levantamento mostra que 1.492 mulheres foram vítimas de feminicídio no país, alta de 0,7% em comparação com o ano anterior. O documento ainda aponta que uma mulher foi estuprada a cada seis minutos e que uma em cada cinco medidas protetivas concedidas pela Justiça foi descumprida.
As principais vítimas continuam sendo mulheres negras e heterossexuais, com a maioria das agressões ocorrendo dentro de casa, praticadas por companheiros ou ex-companheiros. Somente o Disque 180 registrou mais de 86 mil denúncias de violência contra a mulher em 2024.
A solenidade contou com vereadores, deputadas, secretários municipais e representantes de entidades ligadas à defesa dos direitos das mulheres, que reforçaram a necessidade de políticas públicas eficazes no enfrentamento à violência de gênero.
O caso
O ataque contra Juliana ocorreu no dia 26 de julho, dentro de um condomínio em Natal. Câmeras de segurança registraram o momento em que Igor Cabral agride violentamente a vítima após uma discussão. Nas imagens, ele desfere dezenas de socos, mesmo depois de Juliana cair no chão.
O agressor foi preso em flagrante e permanece em prisão preventiva após audiência de custódia. Em depoimento, alegou ter tido um “surto claustrofóbico” dentro do elevador, mas admitiu que o crime também foi motivado por ciúmes. A Polícia Civil do Rio Grande do Norte indiciou Igor por tentativa de feminicídio.
O caso ganhou repercussão nacional e reacendeu o debate sobre a violência de gênero e a urgência em ampliar medidas de proteção às mulheres.
Redação ANH/RN
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