Turquia endurece posição contra Israel e suspende todas as relações comerciais e logísticas

A Turquia anunciou nesta quinta-feira (29) um endurecimento das sanções contra Israel em meio à escalada da guerra na Faixa de Gaza. O governo turco determinou o fechamento de seu espaço aéreo a aeronaves israelenses, além de proibir a entrada de navios do país em portos nacionais. A medida também bloqueia as relações comerciais bilaterais, atingindo importações e exportações em todos os setores.

O anúncio foi feito pelo ministro das Relações Exteriores, Hakan Fidan, em coletiva de imprensa em Ancara. De acordo com o chanceler, a decisão faz parte de uma resposta direta às operações militares israelenses em Gaza, que, segundo ele, configuram “um genocídio” contra a população palestina.

“Não permitiremos que navios carregando armas e munições destinadas a Israel utilizem nossos portos, nem que aeronaves israelenses sobrevoem nosso território. Do mesmo modo, embarcações de bandeira turca não poderão mais atracar em portos israelenses”, afirmou Fidan.

Comércio interrompido

Segundo dados oficiais, a Turquia exportou para Israel cerca de US$ 5,4 bilhões em 2023, incluindo produtos químicos, metais e alimentos. O país também importou petróleo e fertilizantes israelenses. Com a suspensão, toda essa relação econômica será interrompida, o que representa uma medida inédita entre os países da região.

O ministro destacou que, até agora, nenhum outro país suspendeu totalmente as trocas comerciais com Israel. “Ancara não será cúmplice de crimes de guerra. Ao contrário, damos exemplo à comunidade internacional sobre a necessidade de agir diante de violações flagrantes dos direitos humanos”, completou.

Impactos logísticos e diplomáticos

O bloqueio do espaço aéreo deve aumentar o tempo de viagem de voos com destino a países como Geórgia e Azerbaijão, que tradicionalmente utilizam rotas passando pelo território turco. Além disso, companhias aéreas que já haviam suspendido voos diretos entre Tel Aviv e Istambul terão dificuldades adicionais de conexão.

Especialistas em comércio exterior avaliam que a decisão pode impactar cadeias de fornecimento, especialmente no setor de metais, já que Israel importa boa parte de sua produção de aço da Turquia. Por outro lado, Ancara pode enfrentar pressões de empresas locais que tinham Israel como um de seus principais parceiros de exportação.

Histórico de tensões

As relações entre Turquia e Israel são marcadas por altos e baixos ao longo das últimas décadas. Embora ambos tenham mantido cooperação militar e comercial nos anos 1990 e início dos anos 2000, os laços se deterioraram após o episódio da flotilha humanitária em 2010, quando nove ativistas turcos morreram durante a abordagem de navios que tentavam levar ajuda à Gaza.

Desde o início da atual guerra, o presidente turco Recep Tayyip Erdogan vem elevando o tom contra Tel Aviv, acusando o governo israelense de praticar “limpeza étnica” contra os palestinos e pedindo maior mobilização internacional.

Próximos passos

Com as novas medidas, a Turquia se posiciona como um dos países mais críticos às operações israelenses. Além de suspender comércio e transportes, Ancara pressiona organismos internacionais, como a ONU e a União Europeia, a adotarem sanções contra Tel Aviv.

Enquanto isso, Israel ainda não se pronunciou oficialmente sobre as medidas, mas analistas internacionais avaliam que a decisão turca pode abrir precedentes para que outras nações sigam o mesmo caminho.

Redação ANH