Bloqueio naval a Gaza impede entrega de ajuda humanitária por ativistas

Israel intercepta flotilha de ajuda a Gaza com Greta Thunberg e ativistas internacionais
A ativista climática Greta Thunberg foi registrada a bordo de uma das embarcações da flotilha civil Global Sumud, que partiu de Barcelona no início de setembro com o objetivo de levar ajuda humanitária a Gaza e romper o bloqueio naval imposto por Israel. O grupo, composto por quase 45 embarcações e centenas de ativistas de mais de 45 países, precisou permanecer atracado em Barcelona em 1º de setembro devido ao mau tempo, retomando a viagem posteriormente.
Na quarta-feira (1º), a Marinha de Israel iniciou a interceptação dos navios da flotilha, após advertir que não deveriam entrar em águas sob bloqueio. Ativistas relataram que embarcações de guerra cercaram parte da frota a cerca de 80 milhas náuticas de Gaza. Entre os participantes estavam a política francesa Marie Mesmeur, a eurodeputada franco-palestina Rima Hassan, e a presença simbólica de figuras internacionais, como o neto de Nelson Mandela, Mandla Mandela, e a ex-prefeita de Barcelona, Ada Colau.
Deportações e segurança
Nesta quinta-feira (2), Israel anunciou que todos os ativistas interceptados serão deportados para a Europa. Segundo o governo israelense, nenhum navio conseguiu romper o bloqueio.
“Nenhum dos iates de provocação do Hamas-Sumud teve sucesso em sua tentativa de entrar em uma zona de combate ativa ou romper o bloqueio naval legal”, informou o Ministério das Relações Exteriores israelense.
O governo destacou que os passageiros estão “a salvo e em boa saúde”, com fotos da ativista Greta Thunberg e outros integrantes sendo divulgadas nas redes sociais.
Tensão internacional
A interceptação gerou repercussão imediata e protestos de diversos países:
Turquia: o presidente Recep Tayyip Erdogan classificou a ação como um exemplo da “brutalidade de Israel” e anunciou investigação sobre os 24 cidadãos turcos detidos.
Espanha: convocou a encarregada de negócios de Israel em Madri, já que mais de 60 espanhóis participavam da flotilha.
Brasil: condenou a operação, lembrando que 15 brasileiros estavam a bordo, incluindo a deputada federal Luizianne Lins.
Colômbia: o presidente Gustavo Petro expulsou a delegação diplomática israelense após denunciar a detenção de duas cidadãs colombianas.
México: informou a detenção de três cidadãos mexicanos e solicitou garantias sobre seus direitos.
O Hamas classificou a interceptação como “pirataria e terrorismo marítimo”.
Obstáculos enfrentados pela flotilha
Durante a viagem, a flotilha fez uma escala de 10 dias na Tunísia, onde os organizadores relataram ataques com drones e manobras hostis de embarcações israelenses. Apesar das dificuldades, a Global Sumud prometeu prosseguir com a missão humanitária, denunciando as táticas de intimidação e reafirmando seu compromisso com a entrega de ajuda a Gaza.
Para garantir segurança, Itália e Espanha chegaram a mobilizar navios militares para escoltar a flotilha. No entanto, na quarta-feira, ambos os governos orientaram que suas embarcações não entrassem na zona de exclusão israelense, que se estende a 150 milhas náuticas da costa de Gaza.
Contexto humanitário
A Faixa de Gaza enfrenta uma grave crise humanitária, com relatos de fome generalizada, em meio a uma ofensiva militar israelense iniciada após ataques do Hamas em 7 de outubro de 2023, segundo dados da ONU. A flotilha buscava levar suprimentos e ajuda humanitária à população local, mas Israel já havia impedido tentativas semelhantes em junho e julho deste ano.
Conclusão
A operação demonstra a tensão contínua na região, colocando em evidência conflito militar, direitos humanitários e diplomacia internacional. Ativistas e governos estrangeiros seguem atentos à situação, enquanto Israel mantém o bloqueio e reforça medidas de segurança no litoral de Gaza.
Redação ANH
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