Banco Central atribui alta da inflação à economia aquecida, café e energia elétrica

Banco Central explica alta da inflação acima do teto da meta no primeiro semestre
O Banco Central (BC) divulgou nesta quinta-feira (10) uma carta aberta para justificar o fato de a inflação oficial, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), ter ultrapassado o teto da meta no primeiro semestre deste ano. Entre os principais fatores apontados estão o aquecimento da economia, o aumento dos preços de alguns produtos industrializados, como o café, e a aplicação da bandeira tarifária vermelha na conta de energia elétrica.
Desde o começo de 2024, o BC adota o sistema de meta contínua para a inflação, que exige uma comunicação oficial sempre que o IPCA ultrapassa o limite superior da meta fixada pelo Conselho Monetário Nacional (CMN). A meta estabelecida é de 3%, com uma margem de tolerância de 1,5 ponto percentual para mais ou para menos, ou seja, o teto é 4,5% e o piso, 1,5%.
No mês de junho, o IPCA registrou alta de 0,24%, acumulando 5,35% nos últimos 12 meses acima do teto permitido. Pelo sistema vigente, a inflação não pode ultrapassar esse limite por seis meses consecutivos.
Na carta, o BC destaca que os preços da gasolina, dos serviços, dos alimentos industrializados (especialmente o café), além de bens industriais como vestuário e automóveis, subiram mais do que o previsto. Também houve variações acima do esperado nos preços administrados, especialmente na energia elétrica residencial, influenciada pela piora do cenário hídrico no país. No entanto, essa alta foi parcialmente compensada pela queda nos preços de alimentos consumidos em casa.
Principais fatores que influenciaram o desvio da meta
O Banco Central listou os principais fatores que contribuíram para a inflação ficar 2,35 pontos percentuais acima do centro da meta de 3%:
Inércia da inflação dos 12 meses anteriores (0,69 p.p.);
Expectativas de inflação (0,58 p.p.);
Economia produzindo acima de sua capacidade (hiato do produto) (0,47 p.p.);
Inflação importada (0,46 p.p.);
Impacto da bandeira tarifária na energia elétrica (0,27 p.p.);
Outros fatores (-0,12 p.p.).
Projeções e política monetária
O BC reafirmou que a inflação deve começar a recuar para dentro do intervalo da meta abaixo do teto de 4,5% somente a partir do primeiro trimestre de 2026. A estimativa é que a inflação acumulada em quatro trimestres fique entre 5,4% e 5,5% durante os três primeiros trimestres de 2025, caindo para 4,9% no fim do ano e atingindo 4,2% no começo de 2026.
Para controlar a inflação, o principal instrumento do Banco Central é a Taxa Selic, atualmente em 15% ao ano, o maior nível desde julho de 2006. A autoridade monetária informou que a política monetária continuará em um patamar contracionista por um período “bastante prolongado”, a fim de garantir o retorno da inflação à meta, especialmente diante de expectativas de preços ainda instáveis.
O Comitê de Política Monetária (Copom), que define a Selic a cada 45 dias, mantém a disposição de ajustar os juros para cima, se necessário, para conter pressões inflacionárias. Na carta, o BC destacou que seguirá atento às condições econômicas e não hesitará em continuar elevando os juros caso as circunstâncias assim demandem.
Redação ANH
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