Alagoas marca 40 anos de redemocratização em evento com convidados especiais

Alagoas realiza maior ato cívico do país fora de Brasília pelos 40 anos da redemocratização
Nesta sexta-feira (1º), às 9h, o estado de Alagoas será palco de um dos eventos mais expressivos do país em celebração aos 40 anos da redemocratização brasileira. A solenidade ocorre no auditório do Instituto Federal de Alagoas (Ifal), no Centro de Maceió, e reunirá autoridades políticas, representantes de movimentos sociais, entidades estudantis, universidades e partidos de diferentes correntes ideológicas.
A iniciativa, idealizada pelo vice-governador Ronaldo Lessa e pelo ex-deputado federal Regis Cavalcanti, foi construída por uma comissão organizadora plural, com o objetivo de transformar a data em um marco político e simbólico para o estado, e também para o país, diante do atual cenário de tensão institucional e ataques à democracia.
Evento marca compromisso com valores democráticos
Mais do que uma comemoração, o ato tem caráter de mobilização e reafirmação dos princípios democráticos que regem a Constituição de 1988. A proposta é resgatar a memória da redemocratização e prestar homenagem aos constituintes que ajudaram a escrever a Carta Magna, símbolo maior do pacto social construído após mais de duas décadas de ditadura militar.
Na última reunião preparatória, realizada na quarta-feira (30), a comissão definiu os últimos ajustes logísticos ao lado do vice-governador Ronaldo Lessa. Entre as presenças confirmadas, estão o senador Renan Calheiros, que participou da Assembleia Nacional Constituinte, além de convites reforçados ao ministro dos Transportes, Renan Filho, e ao deputado federal Rafael Brito.
Programação reúne música, história e homenagem
A solenidade terá início com a execução do Hino Nacional pelo artista alagoano Igbonan Rocha, e contará com a exibição de um vídeo especial enviado por Regis Cavalcanti. O material, produzido pelo partido Cidadania e pela Fundação Astrojildo Pereira, reúne imagens do renomado fotojornalista Orlando Brito, considerado um dos maiores cronistas visuais da política brasileira.
O evento também se destacará pela diversidade de entidades envolvidas. Estarão representados 11 partidos políticos (PCdoB, PCB, Cidadania, PSB, MDB, PT, PV, PDT, Solidariedade, PSOL e PSD), além de movimentos como o Comitê da Memória, Verdade e Justiça, o Movimento das Vítimas da Braskem, UNE, Unegro, Cinearte Pajuçara, CTBAL e universidades como Ufal, Uncisal e Cesmac.
Mesas de debate ampliam reflexão sobre o passado e o presente
A primeira parte do evento será dedicada à discussão sobre a trajetória da democracia brasileira, com a mesa “História, Política, Cultura e Democracia”, mediada pelo advogado Moacir Rocha. Participam do painel o historiador Geraldo de Majella, o jornalista e ex-secretário Enio Lins e a cientista política Luciana Santana.
Na sequência, será formada uma segunda mesa com parlamentares alagoanos que participaram diretamente da elaboração da Constituição de 1988. Mediado por Ronaldo Lessa, o debate reunirá os constituintes José Thomaz Nonô, José Costa, Teotônio Vilela Filho e Renan Calheiros, que farão relatos sobre o processo constituinte e os desafios enfrentados naquele período.
Homenagens e entrega da Ordem do Mérito Constituinte
O evento também será marcado por homenagens aos parlamentares que contribuíram para a construção da democracia brasileira. Será entregue a Ordem do Mérito Constituinte de 1988 aos constituintes vivos e, in memoriam, a personalidades que deixaram sua marca no processo democrático: Albérico Cordeiro, Antônio Ferreira, Eduardo Bomfim, Geraldo Bulhões, Roberto Torres, Vinícius Cansanção, Divaldo Suruagy e Guilherme Palmeira. Familiares dos homenageados confirmaram presença e receberão comendas em seus nomes.
Alagoas como referência nacional no debate democrático
Embora outras unidades da federação tenham promovido atividades pontuais em referência aos 40 anos da redemocratização, como Rio Grande do Sul, Maranhão, Bahia e Minas Gerais, o ato em Maceió se consolida como a mais ampla e organizada celebração fora do Congresso Nacional. O evento projeta Alagoas como protagonista em um debate nacional sobre o fortalecimento das instituições e da cultura democrática.
Convocação cívica em tempos de instabilidade
O ato também representa uma resposta coletiva aos desafios enfrentados pela democracia brasileira nos últimos anos. Em meio a discursos autoritários, tentativas de desacreditar o processo eleitoral e ameaças às liberdades individuais, a mobilização em Alagoas reafirma o compromisso de diferentes setores da sociedade com a memória, a verdade histórica e a defesa intransigente dos direitos civis.
A expectativa é de que o evento se torne um marco duradouro na luta pela democracia, inspirando outras regiões a se organizarem e fortalecerem a participação popular, a educação política e o respeito às instituições democráticas.
Redação ANH/AL
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