Luta contra dor: jovem passa por tratamento inovador para neuralgia do trigêmeo

Jovem de Minas Gerais se submete a tratamento experimental para controlar “a pior dor do mundo”
Carolina Arruda, de 28 anos, moradora de Bambuí, no Centro-Oeste de Minas Gerais, enfrenta um dos maiores desafios da medicina moderna: conviver com a neuralgia do trigêmeo, conhecida popularmente como “a pior dor do mundo”. A doença, rara e extremamente debilitante, provoca dores intensas na face e, no caso de Carolina, atinge ambos os lados, tornando seu caso ainda mais excepcional.
Após seis cirurgias sem sucesso, a jovem se prepara agora para um procedimento inédito que pode representar uma nova esperança. Ela será submetida a sedação profunda para a administração de cetamina, medicamento capaz de “reiniciar” a atividade cerebral e ajudar a controlar dores crônicas resistentes a tratamentos convencionais. O procedimento será realizado pelo Sistema Único de Saúde (SUS) sob supervisão do médico Carlos Marcelo de Barros.
A paciente ficará internada por até cinco dias na Unidade de Terapia Intensiva (UTI), sedada e conectada à ventilação mecânica, garantindo que a administração do medicamento ocorra com segurança total. A cetamina, embora utilizada há décadas como anestésico, tem sido aplicada recentemente em casos graves de dor crônica e depressão resistente, bloqueando receptores que amplificam sinais de dor e auxiliando na reorganização das conexões neuronais.
Em desabafos nas redes sociais, Carolina relatou o impacto físico e emocional da doença. “Não vejo a hora de descansar, de ficar cinco dias em sedação profunda, anestesiada, sem precisar respirar sozinha. Não aguento mais estar no meu próprio corpo”, disse em vídeo divulgado no início de agosto.
Segundo o médico responsável, o tratamento exige monitoramento contínuo devido aos riscos de alterações na pressão arterial, batimentos cardíacos e percepção do paciente. “A sedação profunda é necessária para que o paciente tolere os efeitos do medicamento durante a infusão”, explica Barros.
O especialista também enfatiza que a cetamina não é indicada para todos os pacientes. “Este tratamento pode reduzir a dor, diminuir o uso de opioides e melhorar o humor, mas deve ser aplicado apenas a casos selecionados e com acompanhamento intensivo por profissionais especializados”, reforça.
Para Carolina, a expectativa é que o procedimento não apenas alivie a dor, mas também permita que seu organismo volte a responder a medicamentos convencionais, oferecendo uma chance inédita de qualidade de vida após anos de sofrimento intenso.
Redação ANH/MG
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