Estudo da UFC mostra que redes e hidroterapia auxiliam prematuros a ganhar peso

O uso de redes de dormir em unidades de saúde neonatal, prática comum no Ceará e em outras regiões do Nordeste, vai além do relaxamento do bebê. Pesquisadores da Universidade Federal do Ceará (UFC) identificaram que a técnica, conhecida como redeterapia, e a hidroterapia podem contribuir significativamente para o ganho de peso de prematuros, indicador fundamental do crescimento e desenvolvimento infantil.

Bebês prematuros enfrentam diversas intervenções hospitalares diárias — troca de fraldas, banho, pesagem e exames — que, apesar de essenciais, geram estresse, dor e consumo de energia. Isso prejudica a qualidade e o tempo de sono, elementos essenciais para o desenvolvimento saudável.

Nesse cenário, técnicas não farmacológicas, como redes de dormir e hidroterapia (imersão em água aquecida), surgem como ferramentas de relaxamento que ajudam os pequenos a descansar melhor, economizar energia e potencializar o crescimento.

A pesquisa

O estudo acompanhou 60 bebês prematuros internados no Hospital Santa Casa de Misericórdia, em Sobral, entre julho de 2022 e outubro de 2023. Eles foram divididos em quatro grupos:

1. 
   

   Apenas rede de dormir

   
   


2. 
   

   Apenas hidroterapia

   
   


3. 
   

   Rede combinada com hidroterapia

   
   


4. 
   

   Grupo de controle, sem terapias complementares

   
   

Cada sessão de rede durava duas horas diárias, enquanto a hidroterapia envolvia imersão em água aquecida a 37°C por 15 minutos, garantindo conforto e segurança.

Segundo Jeferson de Sousa Justino, autor do estudo, os bebês submetidos às técnicas apresentaram sono mais profundo, maior relaxamento e menor gasto de energia, refletindo diretamente no ganho de peso, especialmente quando redeterapia e hidroterapia foram combinadas.

Prematuridade e baixo peso

Entre 2015 e 2024, mais de 151 mil bebês nasceram prematuros no Ceará, e cerca de 103 mil apresentavam baixo peso ao nascer, abaixo de 2,5 kg, segundo dados do Ministério da Saúde. A prematuridade e o baixo peso estão associados a fatores de saúde materna, como hipertensão, diabetes e infecções, além de condições socioeconômicas, má alimentação e uso de substâncias durante a gestação.

O estudo reforça a importância do pré-natal adequado e acompanhamento constante, aliado a hábitos de vida saudáveis, como alimentação balanceada e prática de exercícios leves, para reduzir riscos de prematuridade e baixo peso ao nascer.

Segurança e recomendações

Os pesquisadores alertam que redes de dormir e hidroterapia devem ser aplicadas apenas em ambiente hospitalar, sob supervisão de profissionais, devido aos riscos de queda ou asfixia. Nem todos os recém-nascidos podem ser submetidos às técnicas, especialmente os que dependem de ventilação mecânica ou apresentam infecções.

“Essas estratégias são mais eficazes quando o bebê já consegue se alimentar, respirar sozinho e não depende de cateteres ou oxigênio. Elas proporcionam descanso real, essencial para o desenvolvimento”, explica Justino.

Conclusão

As técnicas não farmacológicas estudadas pela UFC se mostraram simples, seguras e de baixo custo, auxiliando prematuros no ganho de peso e no desenvolvimento geral. Além de melhorar a qualidade do sono, promovem relaxamento e reduzem o estresse, oferecendo suporte valioso às práticas médicas tradicionais e fortalecendo a saúde dos recém-nascidos em seus primeiros dias de vida.

Redação ANH/CE