“Voltar significa ser preso”, afirma Eduardo Bolsonaro nos EUA

Eduardo Bolsonaro admite temor de prisão no Brasil e cogita exílio prolongado nos EUA
O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) afirmou que não pretende retornar ao Brasil enquanto o ministro Alexandre de Moraes permanecer no Supremo Tribunal Federal (STF). A declaração foi feita em entrevista à colunista Bela Megale, do jornal O Globo, e reforça o distanciamento do parlamentar das atividades políticas no país. Eduardo está nos Estados Unidos desde fevereiro.
“Se eu retornar, sei que vou ser preso”, disse o filho do ex-presidente Jair Bolsonaro. “Primeiramente, tenho que tirar o Alexandre de Moraes dessa equação, anular ele, isolá-lo. A gente tem que aprovar uma anistia para que alcance todos os perseguidos por Moraes”, completou.
A fala ocorre em meio a uma investigação conduzida pela Polícia Federal, que apura se Eduardo atuou para que autoridades estrangeiras sancionassem membros do Judiciário e do Executivo brasileiros. A suspeita é que ele tenha usado articulações políticas nos Estados Unidos para interferir em processos internos do Brasil — o que pode configurar crime contra a soberania nacional.
Possibilidade de exílio
Eduardo Bolsonaro também não descartou a ideia de permanecer nos Estados Unidos por tempo indeterminado. Segundo ele, sua permanência dependerá do desfecho político e jurídico das investigações no Brasil.
“Ou eu tenho 100% de vitória, ou 100% de derrota. Ou saio vitorioso e volto a ter uma atividade política no Brasil, ou vou viver aqui décadas em exílio. É o que eu estou assumindo, estou aceitando esse risco, porque acho que vale a pena”, declarou.
Sem medo da Interpol
Ao comentar a possibilidade de ser incluído em uma lista de procurados internacionais, como aconteceu com a deputada federal Carla Zambelli (PL-SP), que teve o nome incluído na difusão da Interpol, Eduardo demonstrou tranquilidade. Segundo ele, a legitimidade de Alexandre de Moraes para fazer valer um pedido desse tipo seria limitada internacionalmente.
“Acredito que o Alexandre de Moraes tem cada vez menos espaço para que uma ordem da Interpol, uma difusão verde ou vermelha, um mandado de prisão preventiva contra mim, seja respeitado”, afirmou.
Bens bloqueados no Brasil
Em 19 de julho, o ministro Alexandre de Moraes determinou o bloqueio de bens e contas bancárias de Eduardo Bolsonaro, em decisão que corre sob sigilo no STF. A medida atingiu imóveis, contas bancárias, movimentações via Pix e até o salário parlamentar, que passou a ser retido.
O bloqueio faz parte de uma estratégia de “asfixia financeira”, utilizada por órgãos de investigação para impedir que acusados continuem a atuar em esquemas considerados criminosos, por meio da interrupção do fluxo de recursos.
Investigação em curso
A ofensiva contra Eduardo integra um conjunto de ações da Polícia Federal e do STF para apurar a atuação de parlamentares, empresários e influenciadores bolsonaristas em supostos ataques às instituições democráticas. O nome do deputado aparece em apurações relacionadas à tentativa de abalar a ordem constitucional, especialmente após os atos golpistas de 8 de janeiro de 2023, em Brasília.
O parlamentar, no entanto, sustenta que é vítima de perseguição política e que sua atuação está amparada pela liberdade de expressão e pela imunidade parlamentar.
Reação política
Nos bastidores de Brasília, aliados de Jair Bolsonaro têm defendido uma anistia ampla para integrantes do movimento bolsonarista investigados ou condenados por envolvimento em atos antidemocráticos. A proposta, porém, enfrenta resistência dentro do Congresso e da sociedade civil, especialmente diante do avanço das investigações e das condenações já impostas pelo STF.
Enquanto isso, Eduardo Bolsonaro segue nos Estados Unidos, distante do cenário político brasileiro, mas no centro do debate sobre os limites da atuação de autoridades e a defesa de garantias constitucionais.
Redação ANH
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