Papa Leão XIV pede cessar-fogo dias após ataque a igreja católica em Gaza

Papa Leão XIV condena ataque a igreja católica em Gaza e clama por fim imediato da guerra
Pontífice denuncia “barbárie” e pede respeito ao direito internacional após bombardeio que matou civis e feriu padre argentino
Em um apelo firme e emocionado feito neste domingo (20), o Papa Leão XIV voltou a denunciar a escalada da violência na Faixa de Gaza e pediu o fim imediato da guerra. Durante a tradicional oração do Angelus, realizada no Vaticano, o pontífice lamentou o ataque israelense que atingiu a única igreja católica do território palestino, a Igreja da Sagrada Família e cobrou o respeito aos princípios do direito humanitário internacional.
“Mais uma vez, suplico pelo fim da barbárie da guerra e pela busca de uma solução pacífica e justa para o conflito”, declarou o Papa diante dos fiéis reunidos na Praça de São Pedro. “É doloroso ver civis e locais de culto sendo alvos de ataques. Isso fere profundamente a dignidade humana e os valores universais da convivência e da fé.”
Ataque à igreja e feridos
O bombardeio, realizado na última quinta-feira (17), atingiu diretamente a paróquia católica localizada em Gaza, provocando a morte de três pessoas e deixando vários feridos, entre eles o padre argentino Gabriel Romanelli, conhecido por sua atuação pastoral na região. A igreja vinha servindo como refúgio para dezenas de fiéis católicos e ortodoxos — desde o início da guerra, em outubro de 2023, após os confrontos se intensificarem entre o Exército israelense e o grupo Hamas.
Segundo informações do Patriarcado Latino de Jerusalém, cerca de 700 pessoas estavam abrigadas no complexo paroquial, que inclui uma escola, convento e áreas comunitárias.
Apelo à comunidade internacional
Durante seu pronunciamento, o Papa fez um apelo direto à comunidade internacional, pedindo que os Estados e organismos multilaterais não sejam omissos diante das graves violações dos direitos humanos. “É dever de todos proteger os civis, especialmente os mais vulneráveis, como mulheres, crianças e idosos. O direito humanitário deve prevalecer, inclusive nas situações mais extremas”, disse o pontífice.
Ele ainda reforçou a condenação ao uso de punições coletivas, ao deslocamento forçado de populações e ao bombardeio de áreas religiosas, práticas que ferem acordos internacionais assinados por diversos países, incluindo Israel.
Contato com Netanyahu e resposta de Israel
Após o ataque, o Papa Leão XIV conversou por telefone com o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu. De acordo com nota divulgada pelo Vaticano, o pontífice reiterou a importância da proteção dos locais sagrados e das comunidades religiosas, pedindo esforços concretos para evitar novas tragédias.
Durante a ligação, Netanyahu teria manifestado “profundo pesar” pelo ocorrido e reconhecido que o bombardeio foi um erro. Ele também prometeu abrir uma investigação oficial para apurar responsabilidades e impedir a repetição de incidentes semelhantes. A declaração veio após pressões de diversos líderes religiosos e diplomáticos internacionais.
Contexto do conflito
Desde o início da nova escalada de violência, em outubro de 2023, a Faixa de Gaza tem sido alvo de intensos bombardeios por parte de Israel, em resposta aos ataques do Hamas. O saldo já ultrapassa dezenas de milhares de mortos, entre civis e combatentes, além de um número crescente de deslocados internos e danos irreparáveis à infraestrutura local, incluindo hospitais, escolas e centros religiosos.
A pequena comunidade cristã de Gaza composta por pouco mais de mil pessoas, vive hoje em situação de extrema vulnerabilidade. A Igreja da Sagrada Família era um dos poucos espaços onde ainda se realizavam missas e atividades pastorais. Agora, com os danos causados pelo ataque, a insegurança se agravou ainda mais.
Voz da paz em tempos de guerra
Com sua fala, o Papa Leão XIV se soma a outras lideranças religiosas e organizações humanitárias que vêm denunciando a tragédia em curso no Oriente Médio. Sua atuação busca não apenas aliviar o sofrimento dos afetados, mas também mobilizar líderes mundiais para a construção de uma paz real e duradoura.
“O mundo não pode se acostumar com a dor, com o sangue e com a destruição”, concluiu o pontífice. “Que cada vida perdida nos recorde do valor da paz.”
Redação ANH
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