Ceará pode ter perdas bilionárias com tarifaço em 2025

Sobretaxa americana pode reduzir exportações do Ceará em até R$ 600 milhões em 2025, alerta estudo
A imposição de uma sobretaxa de 50% sobre diversos produtos brasileiros exportados para os Estados Unidos ameaça causar um forte impacto econômico no Ceará já em 2025. Segundo estudo divulgado pelo Escritório Técnico de Estudos Econômicos do Nordeste (Etene), ligado ao Banco do Nordeste, as exportações cearenses podem cair até US$ 108,8 milhões, o equivalente a aproximadamente R$ 600 milhões na cotação atual.
Esse cenário preocupante tende a se agravar em 2026. Caso a tarifa adicional mantenha-se no patamar de 50%, as perdas estimadas para o Ceará podem atingir US$ 261 milhões, o que representa mais de R$ 1,4 bilhão. O estudo leva em conta o impacto sobre os principais estados exportadores da região Nordeste, destacando o Ceará como um dos mais afetados proporcionalmente.
No total, as exportações do Ceará para os Estados Unidos podem sofrer uma redução de cerca de 16,7%, percentual que supera até mesmo a Bahia, que apesar de apresentar impacto semelhante em valores absolutos US$ 108,3 milhões tem perda proporcional menor, na ordem de 12,3%.
Nordeste enfrenta perdas estimadas em mais de US$ 324 milhões
O relatório detalha ainda o ranking dos estados nordestinos mais atingidos pela medida, considerando valores FOB (Free on Board), que refletem o montante exportado antes do embarque. Além do Ceará e da Bahia, Pernambuco e Maranhão aparecem com perdas estimadas de US$ 28,9 milhões e US$ 37,3 milhões, respectivamente. Outros estados como Alagoas, Rio Grande do Norte e Sergipe também sentirão o impacto, embora em valores absolutos menores.
Ao todo, o Nordeste pode registrar uma diminuição de US$ 324,4 milhões em suas exportações para os EUA em 2025, o que corresponde a 11,6% do total comercializado com o país norte-americano.
Impactos na economia e no mercado de trabalho
O estudo do Etene não se limita aos valores comerciais. Ele também aponta para possíveis reflexos negativos na economia local, com destaque para o Produto Interno Bruto (PIB) estadual. Para o Ceará, a estimativa é de uma retração de até 0,30 ponto percentual em 2025, o maior impacto entre os estados da região.
Além disso, o documento destaca que setores que empregam grande contingente de trabalhadores podem enfrentar perdas significativas na geração de renda e emprego, devido à redução da demanda e dificuldades no mercado externo. Essa combinação pode acarretar consequências socioeconômicas importantes, afetando diretamente famílias e comunidades dependentes do comércio exterior.
Contexto e perspectivas
A sobretaxa foi imposta como parte das medidas adotadas pelo governo dos EUA durante a administração Trump, que visavam proteger a indústria local e corrigir desequilíbrios comerciais. Apesar de pressionar o setor exportador brasileiro, ainda não há previsão clara sobre a suspensão ou redução desses tributos nos próximos anos.
Para o Ceará e demais estados do Nordeste, a continuidade dessa política pode representar um desafio para o fortalecimento da economia regional, exigindo estratégias de diversificação e fortalecimento dos mercados internos e externos.
Redação ANH/CE
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