Maceió celebra a força da cultura popular

Maceió celebra a cultura popular com estreia do Guerreiro Grande Poder no Festival da Cultura Popular
Enquanto suas praias atraem turistas de todo o mundo, Maceió guarda uma riqueza igualmente valiosa: a cultura popular. Nas ruas e praças da capital alagoana, manifestações tradicionais como Guerreiros, Maracatus, Afoxés, Cocos de Roda, Taieiras e Pastoris seguem vivas, mantendo histórias, fé e identidade que atravessam gerações.
O Dia da Cultura Popular, celebrado em 22 de agosto, é um momento para reafirmar a importância desses saberes. E neste mês, a cidade ganha um novo capítulo: a estreia do Guerreiro Grande Poder, que será apresentado no Festival da Cultura Popular, promovido pelo Maracatu Baque Alagoano, no bairro Jaraguá, no dia 23 de agosto, com apoio da Fundação Municipal de Ação Cultural (FMAC).
O resgate do legado de Mestre Verdelinho
O Guerreiro Grande Poder nasceu da vontade de preservar o legado de Mestre Verdelinho, uma das principais referências da cultura popular alagoana. Mestre do Coco de Roda e do Pagode Alagoano, ele também era apaixonado pelo Guerreiro, tradição que marcou sua vida e inspirou seus filhos.
À frente do projeto está Nildo Verdelinho, que assume a função de mestre do grupo. “Sempre vi que muito do conhecimento se perdia com o tempo. Meu pai deixou uma tradição rica, e nosso objetivo é mantê-la viva. Cresci com o Guerreiro na frente da minha casa e hoje realizo um sonho antigo: levar essa tradição de volta às ruas”, disse Nildo, emocionado.
A ideia ganhou força com encontros culturais na Comunidade Azul, onde filmes sobre o Guerreiro reacenderam a memória coletiva. “Ensaiávamos sem chapéus, sem trajes, apenas pelo prazer de brincar. Dois anos depois, ver o grupo pronto é gratificante. É resistência, é pertencimento”, acrescentou Nildo.
Tradição que atravessa gerações
O sentimento de continuidade se espalha entre os familiares. Geninho Verdelinho, filho caçula do mestre, lembra que acompanhava o pai desde os seis anos. “Hoje, ver minha filha se encantando pela mesma tradição é emocionante. Isso mostra que o Guerreiro é vivo, que passa naturalmente de geração em geração”, afirma.
Iris Verdelinho, esposa de Nildo e coordenadora do grupo, destaca a dedicação da equipe: “Foram dois anos de ensaios e preparação intensa. Cada passo, cada dança, é uma celebração da cultura popular”. Já Mestra Vânia, artesã responsável pela confecção dos chapéus, afirma que cada peça carrega história e afeto: “Não é só trabalho manual. É identidade, tradição e memória”.
O espetáculo
O Guerreiro Grande Poder reúne personagens clássicos, como a Rainha, a Estrela Dalva, a Estrela de Ouro, o General e as Caboclinhas, em um espetáculo que transforma fé e memória em dança, cores e música.
O festival também celebra os 18 anos do Maracatu Baque Alagoano, grupo que mantém viva a batida ancestral do Maracatu em Alagoas. Para Helton Santos, coordenador do grupo, a trajetória é marcada por resistência: “O Baque surgiu em um momento de retomada cultural, após décadas de silêncio. Hoje celebramos a continuidade da tradição, com orgulho e dedicação”.
Cultura que conecta
Além das apresentações, projetos como o Folguedos na Rede, que levou 40 mestres da cultura popular a escolas municipais, e o edital Vem Pra Praça, que garante visibilidade e apoio a grupos tradicionais, reforçam o compromisso da Prefeitura de Maceió com a preservação dos saberes populares.
Com a estreia do Guerreiro Grande Poder, a cidade reafirma que a cultura popular não é apenas memória, mas também futuro. Uma tradição que resiste, se reinventa e conecta pessoas de todas as idades, mantendo viva a identidade de Maceió.
Redação ANH/AL
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