Mensalidades escolares no Nordeste terão reajuste médio de 8,5% em 2026

Reajuste das mensalidades escolares em 2026 deve pesar no bolso das famílias nordestinas
À medida que 2025 se aproxima do fim, famílias em todo o país começam a organizar o orçamento para o próximo ano letivo. No Nordeste, um dos principais desafios será lidar com o reajuste das mensalidades escolares, previsto para alcançar 8,5% em média, quase o dobro da inflação projetada para o período, que deve encerrar o ano em 4,8%, segundo o Boletim Focus, do Banco Central.
Nordeste acima da média nacional
O levantamento do Grupo Rabbit revela que o Nordeste segue a tendência de alta nacional. No Brasil, a região com menor reajuste será o Sul, com 6,5%, enquanto o maior índice deve ocorrer no Sudeste, puxado por Minas Gerais, onde a previsão média chega a 10%. O Centro-Oeste (9%) e o Norte (8,6%) também terão aumentos expressivos.
Esses percentuais são calculados a partir de três fatores principais: inflação acumulada, aumento dos salários de professores e investimentos realizados pelas instituições de ensino.
Ceará já registrava índices elevados
No Ceará, o último reajuste médio aplicado foi de 9%, número superior à média do Nordeste em 2024, que havia ficado em 8,3%. Para 2026, a previsão é de manutenção ou crescimento desse patamar, o que deve apertar ainda mais o orçamento das famílias.
Escolas defendem repasse de custos
Em nota, o Sindicato dos Estabelecimentos Particulares de Ensino do Ceará (Sinepe-CE) ressaltou que não define índices de aumento, já que cada instituição tem autonomia para estabelecer seus próprios valores.
A entidade frisou que os reajustes seguem a legislação vigente (Lei nº 9.870/1999), que autoriza as escolas a repassar custos operacionais e investimentos. A vice-presidente do sindicato, Andrea Nogueira Sales, explicou que o conceito de reajuste “justo” está vinculado ao projeto pedagógico e à realidade financeira de cada instituição.
Especialistas orientam famílias
O impacto sobre o orçamento familiar é o principal ponto de preocupação. Para o economista Wandemberg Almeida, presidente do Corecon-CE, o ideal é que as mensalidades não comprometam mais de 25% da renda líquida da família. “Quando o valor ultrapassa esse limite, outras despesas essenciais, como saúde, moradia e alimentação, podem ser prejudicadas”, alerta.
Almeida sugere que os responsáveis se organizem com antecedência, criando uma reserva anual voltada para a educação, que inclua matrícula, material didático e possíveis aumentos. Dessa forma, é possível reduzir o impacto no início do ano, quando também chegam tributos como IPTU e IPVA.
Ele também recomenda a negociação com as instituições: “Muitas escolas oferecem descontos para famílias com mais de um filho matriculado ou para quem paga de forma antecipada. É um direito do consumidor buscar condições melhores.”
Pesquisa de mercado e escolhas conscientes
Para o presidente da Associação Brasileira de Profissionais de Educação Financeira (Abefin), Reinaldo Domingos, pesquisar mensalidades em diferentes escolas é uma estratégia importante na hora de negociar. “Apresentar valores praticados por instituições semelhantes fortalece o argumento da família, que deixa de ser apenas um pedido informal e passa a ter base em dados concretos”, explica.
Domingos também reforça a necessidade de alinhar expectativas entre pais e filhos. “Educação é um investimento de longo prazo e precisa ser equilibrado com a sustentabilidade financeira do lar. Ouvir os filhos é essencial, mas a decisão final deve estar em sintonia com a realidade da família.”
Planejamento é a palavra-chave
Com o aumento das mensalidades previsto acima da inflação, especialistas são unânimes em recomendar antecipação, pesquisa e diálogo como caminhos para amenizar os impactos. Para as famílias nordestinas, o desafio será conciliar o desejo de oferecer educação de qualidade com a necessidade de manter as contas equilibradas.
Redação ANH/CE
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